Dizem que "coração de mãe não se engana" e têm razão.
Quantas vezes me pergunta o Pequeno Rei: "Como sabias Mãe?" quando o apanho a fazer alguma asneira, ou quando pensa em fazer e até quando adivinho sem me dizer aquilo que quer ou que está a pensar. Fica admirado e eu explico-lhe sempre da mesma maneira:
Quantas vezes me pergunta o Pequeno Rei: "Como sabias Mãe?" quando o apanho a fazer alguma asneira, ou quando pensa em fazer e até quando adivinho sem me dizer aquilo que quer ou que está a pensar. Fica admirado e eu explico-lhe sempre da mesma maneira:
"Sabes, a Mãe, tal como todas as Mães, tem super poderes, e sabem sempre tudo. Ninguém consegue enganar uma Mãe, são mágicas!"
E somos mesmo, o amor que nos impulsiona o coração não nos deixa enganar nunca, conhecemos-os como ninguém e o nosso coração não deixa escapar nada.
E assim foi comigo novamente, uma sensação de vazio, uma ansiedade de o abraçar e apertar. Escusado será dizer que na hora de o ir buscar simplesmente voei (sim, as Mães também voam!). Mal entrei a porta vi a educadora debruçada sobre ele, o coração disparou e mais uma vez voei até ele. Olhou-me, baixou-me o olhar, enquanto a educadora lhe perguntava "Então David, como se chama aquilo com que te penteias?", olhei-o, as lágrimas caiam-lhe pelo rosto, lágrimas silenciosas, mas que me doem tanto. Agarrei-lhe as mãozinhas (gorduchas, talvez a única coisa que ainda tem de bebé), olhei-o e defendi-o, mostrando-lhe que ele sabia, claro que sabia :
"Então Avi? Como se chama aquilo com que te penteias?? Uma Es..."
"...cova" terminou ele
Insisti: "Ou um Pen..."
"...te" terminou novamente, sorrindo envergonhado e limpando as lágrimas com as suas mãozinhas.
Aquela frustração que ele sentia naquele momento, não a deveria sentir. O meu coração de Mãe, cheio de super poderes, doía-me. Sei que ele é demasiado perfeccionista, não gosta de falhar e isso muitas vezes não o deixa sequer tentar, e deixa-o frustrado, zangado, triste. Mas aqui sentia-o nervoso, tão nervoso que não encontrava uma palavra tão banal, que usa no seu dia a dia. Na saída, um dos seus amiguinhos correu para mim e em tom de segredo contou-me que o Pequeno Rei já tinha ficado assim antes, porque não conseguia escrever a palavra "Porta". Não entendi e acabei por esquecer.
Em casa, já mais calmo e no meio das brincadeiras, veio ter comigo com um lápis e uma folha de papel. A seu jeito escreveu a letra "P" e pediu-me palavras começadas por aquela letra. Confesso que olhei para ele com ar "abananado" , aturdida com o pedido dele, ele ao perceber o meu ar disse-me:
"Sim Mãe, com esta letra!! Como Polvo, Porta, Piano"
"Pente", pensei, a palavra que ele tanto queria que não lhe vinha à memória. Fiquei boquiaberta. E sem perder tempo, desenhou um "T".
"E com esta é Torrada"
diz-me com um ar vitorioso e orgulhoso de si mesmo!
Confesso que babei completamente, um pirralho de 4 aninhos e já tão amigo das letras. Os meus super poderes de Mãe não me tinham alertado para nada disto. Mas se por um lado estou orgulhosa dele, por outro confesso-me preocupada.
Não com o aprender, mas com a frustração que lhe vi no olhar. Tenho medo que a pressão de aprender, ao mesmo ritmo de os mais velhos (quase com 6 anos) o faça triste. Sei que ele é curioso, inteligente e sequioso de conhecimento, sempre o foi. Pergunta sobre tudo e quer saber tudo. Mas uma coisa é aprender ao ritmo dele, e sem ter os seus amiguinhos de olhos postos nele, enquanto ele, receoso, tenta responder. Ele não me conta nada, nunca o faz. Por vezes tento usar os meus super poderes para tentar ver, mas não consigo. Diz.me o meu coração de Mãe, que bate ao ritmo deste amor imenso, que ás vezes ele fica triste, que às vezes ele sabe, mas que o medo de errar já o consome. E tenho medo, que os seus amiguinhos, sejam como os meus foram, mauzinhos quando erramos e até mesmo quando não sabemos.
Ele não é pequeno para aprender, para entrar já no mundo das letras. Acho-o ainda pequeno para lidar com estes sentimentos, para esta pressão que é demasiado grande para os seus pequenos ombros.
Mas isto, claro é o meu coração de Mãe a falar, e eu sei, sou Mãe, e verei sempre nele um ser indefeso, que tenho de proteger com as minhas asas, mesmos quando já tiver barba rija. Sei que vou ter vontade de o proteger do Mundo sempre. Sei que vai ser sempre assim, mas não poderia começar a preocupar-me um pouquinho mais tarde???
E assim foi comigo novamente, uma sensação de vazio, uma ansiedade de o abraçar e apertar. Escusado será dizer que na hora de o ir buscar simplesmente voei (sim, as Mães também voam!). Mal entrei a porta vi a educadora debruçada sobre ele, o coração disparou e mais uma vez voei até ele. Olhou-me, baixou-me o olhar, enquanto a educadora lhe perguntava "Então David, como se chama aquilo com que te penteias?", olhei-o, as lágrimas caiam-lhe pelo rosto, lágrimas silenciosas, mas que me doem tanto. Agarrei-lhe as mãozinhas (gorduchas, talvez a única coisa que ainda tem de bebé), olhei-o e defendi-o, mostrando-lhe que ele sabia, claro que sabia :
"Então Avi? Como se chama aquilo com que te penteias?? Uma Es..."
"...cova" terminou ele
Insisti: "Ou um Pen..."
"...te" terminou novamente, sorrindo envergonhado e limpando as lágrimas com as suas mãozinhas.
Aquela frustração que ele sentia naquele momento, não a deveria sentir. O meu coração de Mãe, cheio de super poderes, doía-me. Sei que ele é demasiado perfeccionista, não gosta de falhar e isso muitas vezes não o deixa sequer tentar, e deixa-o frustrado, zangado, triste. Mas aqui sentia-o nervoso, tão nervoso que não encontrava uma palavra tão banal, que usa no seu dia a dia. Na saída, um dos seus amiguinhos correu para mim e em tom de segredo contou-me que o Pequeno Rei já tinha ficado assim antes, porque não conseguia escrever a palavra "Porta". Não entendi e acabei por esquecer.
Em casa, já mais calmo e no meio das brincadeiras, veio ter comigo com um lápis e uma folha de papel. A seu jeito escreveu a letra "P" e pediu-me palavras começadas por aquela letra. Confesso que olhei para ele com ar "abananado" , aturdida com o pedido dele, ele ao perceber o meu ar disse-me:
"Sim Mãe, com esta letra!! Como Polvo, Porta, Piano"
"Pente", pensei, a palavra que ele tanto queria que não lhe vinha à memória. Fiquei boquiaberta. E sem perder tempo, desenhou um "T".
"E com esta é Torrada"
diz-me com um ar vitorioso e orgulhoso de si mesmo!
Confesso que babei completamente, um pirralho de 4 aninhos e já tão amigo das letras. Os meus super poderes de Mãe não me tinham alertado para nada disto. Mas se por um lado estou orgulhosa dele, por outro confesso-me preocupada.
Não com o aprender, mas com a frustração que lhe vi no olhar. Tenho medo que a pressão de aprender, ao mesmo ritmo de os mais velhos (quase com 6 anos) o faça triste. Sei que ele é curioso, inteligente e sequioso de conhecimento, sempre o foi. Pergunta sobre tudo e quer saber tudo. Mas uma coisa é aprender ao ritmo dele, e sem ter os seus amiguinhos de olhos postos nele, enquanto ele, receoso, tenta responder. Ele não me conta nada, nunca o faz. Por vezes tento usar os meus super poderes para tentar ver, mas não consigo. Diz.me o meu coração de Mãe, que bate ao ritmo deste amor imenso, que ás vezes ele fica triste, que às vezes ele sabe, mas que o medo de errar já o consome. E tenho medo, que os seus amiguinhos, sejam como os meus foram, mauzinhos quando erramos e até mesmo quando não sabemos.
Ele não é pequeno para aprender, para entrar já no mundo das letras. Acho-o ainda pequeno para lidar com estes sentimentos, para esta pressão que é demasiado grande para os seus pequenos ombros.
Mas isto, claro é o meu coração de Mãe a falar, e eu sei, sou Mãe, e verei sempre nele um ser indefeso, que tenho de proteger com as minhas asas, mesmos quando já tiver barba rija. Sei que vou ter vontade de o proteger do Mundo sempre. Sei que vai ser sempre assim, mas não poderia começar a preocupar-me um pouquinho mais tarde???
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E assim foi a nossa aventura!! Que acharam???