De mãos dadas com o Tempo: perdidos na Natureza

Hoje fugi...

Dei-lhe a mão e pedi que fugisse comigo, para onde vou o meu coração tem de vir comigo. Olhou-me e sem hesitar pôs-se a meu lado, e de mãos dadas fugimos!

Não corremos, nem sequer demos passos mais apressados, apenas fugimos, devagarinho, apreciando a companhia um do  outro. Fugimos dos relógios malucos que giram e giram sem parar, fugimos do Tempo, que parece gozar sempre comigo, tornando-se lento nas horas erradas e demasiado rápido quando não deve. Fugimos de nós mesmos, dos nossos pensamentos e dos nossos sentimentos. Fugimos do barulho de fundo diário, fugimos dos nossos medos e dos nossos monstros. 

Hoje demos as mãos, e fugimos de nós próprios, de quem nos temos tornado dia após dia.

Olhámos um para o outro e fugimos... De mãos dadas e coração cheio... Fugimos do ar tóxico que nos entra nos pulmões, fugimos dos nossos gritos, fugimos da nossa realidade. Fugimos sem olhar para trás e fugimos de mãos dadas um com o outro. Fugimos sem pressas, deixámos para trás tudo o que nós tem feito mal. 

Refugiados nos na Natureza, no meio do que é mais belo. Refugiados nos no meio do silêncio barulhento da Natureza, no meio dos pássaros, escondidos entre as árvores ouvindo tudo o que nos tinham para dizer.

Não precisei de lhe falar, pois a partir do momento em que me deu a mão, dissemos tudo um ao outro. No nosso silêncio, ouvimos as nossas respostas, gritamos as nossas angústias, e trouxemos ao de cima o melhor de nós. 

As gargalhadas, os sorrisos. 

Fomos tão felizes ali no meio do tudo e do nada. Como se para além de nós, mais nada existisse.

Brincámos e corremos. Escondemos-nos

Fugimos os dois, mas voltamos, cheios de tudo é vazios de nada. Entre mil dúvidas e mil incertezas, uma coisa é certa, enquanto podermos fugir os dois de mãos dadas vendo o sorriso no teu rosto, tudo vale a pena. Enquanto tiveres a capacidade de ser feliz, é porque estou no caminho certo.