A ansiedade era imensa...
Teve de esperar um ano inteirinho por este dia...
E se durante esse ano o tempo não passava, neste dia tudo piorou...
O relógio começou a funcionar mal, parecia meio pateta, sempre que dava um saltinho para a frente, dava logo dois para trás... assim não dá relógio maluco, sempre a aldrabar.. ainda por cima num dia tão mágico, teve de endoidecer.
Lá girámos e girámos... trocámos pilhas, demos corda e nada de funcionar em condições. A magia estava pelo ar e pelos vistos até os relógios foram atingidos.
Os ponteiros pesados giravam lentamente, não se queriam apressar. Eu, adorei essa marotice, também não queria que o tempo passasse, pelo menos, não com a velocidade doida a que anda todos os dias. Queria apenas aproveitar cada segundo cada momento, e o relógio molengão estava a fazer-me a vontade, quem sabe se não foi a mando do Pai Natal, maroto, uma prenda para mim "Tempo", tempo para olhar para o meu Rei.
Ao ritmo dos ponteiros pesados, iniciámos a nossa tradição, mãos na massa e de coração fizemos os nossos docinhos. O cheirinho doce pela cozinha lá fez os ponteiros se apressarem, enquanto dançavam ao som das nossas desafinadas musicas.
O Pequeno Rei ansiava a chegada do Pai Natal.
Soltou sorrisos, gargalhadas... volta e meia lá gritava para as escadas, chamando o Senhor gorducho das barbas brancas. Mas os ponteiros voltaram a tramar-nos, os marotos, e ofereceram-me a mim uma vez mais, "Tempo", tempo para olhar o meu Rei, tempo para o ouvir, tempo para o aproveitar.
Mas mesmo com ponteiros pesados, não tanto eu gostaria, o tempo passou e a hora mágica chegou...
"Pai Nataaaaaaaaaaaaal"
"Pai Nataaaaaaaaaaaaaaal"
"Pai Nataaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalllllll"
Gritou-se a plenos pulmões.. não fosse o velhote estar mais surdo desde o ano passado.. e eis...
"Oh!Oh!Oh!"
O som mágico ecoou pelas escadas abaixo.. e derrepente uma majestosa e mágica figura surgiu... Com o seu habitual traje vermelho, uma enorme barba da cor da neve e uma barriga enorme (ai esses doces Pai Natal)... o Pai Natal....
Os olhos do Pequeno Rei brilharam, e a magia do seu olhar atingiu-me em cheio no coração. Pedi uma vez mais, que os ponteiros se tornassem novamente pesados.. Pedi uma vez mais que o tempo parasse e aquele momento durasse uma eternidade.
O Pequeno Rei delirou com cada movimento, cada palavra, cada palermice. Ficou encantado com o Pai Natal e com a magia daquele momento.
Oferecemos-lhe bolachinhas para o caminho e um copo de leite. Agradeceu com um sorriso e lá voou ele escadas acima, para ir visitar os outros meninos.
Os relógios voltaram a funcionar e o tempo passou a fugir.
Até para o ano, Pai Natal... até lá, espero que vás dando um pouco da tua magia aos relógios, para que às vezes os ponteiros pesem e o tempo passe mais devagar.
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E assim foi a nossa aventura!! Que acharam???